É impossível, ou pelo menos uma grande falta de consideração, em pleno 1° de maio, não dedicar esta coluna à lembrança dos nossos trabalhadores riomafrenses do passado, o que aliás é bem sugestivo, pois Riomafra e trabalhadores possuem uma íntima e histórica ligação, uma vez que nossas cidades surgiram no caminho de tropeiros, profissionais que ganhavam a vida conduzindo tropas de gado e, teve como fator primordial para seu povoamento, a abertura da estrada da Mata, obra realizada graças a força de trabalhadores trazidos até aqui exclusivamente para tal fim.
De lá pra cá muita coisa mudou, muita coisa permaneceu e muita coisa também deixou de existir por obra da ação do tempo (desgaste natural), isso não só em termos físicos, visuais em nossa paisagem (principalmente na área urbana), como em relação aos próprios costumes e, a trabalhos e profissões.
Assim, vejamos algumas atividades e profissões praticadas em Riomafra que já foram comuns, conhecidas e até imprescindíveis no dia-a-dia de nossa população, mas que hoje não são mais tão populares assim, tendo simplesmente deixado de existir ou, resistindo talvez em alguns casos raros.
Acendedor de lampiões: Enquanto a energia elétrica ainda não era utilizada por aqui, no início do século passado, a iluminação pública ficava à cargo dos lampiões à querosene, de funcionamento exclusivamente manual. Com isso, devia-se alem de alimentar com combustível os lampiões, então existentes no centro de Rio Negro, acende-los um a um, no início da noite e apaga-los com o nascer do sol.
Balseiro: Antes da inauguração da ponte metálica em 1896, quando pegar um ônibus de Mafra para Rio Negro não era possível, a solução era utilizar do balseiro, trabalhador que operava a balsa existente sobre o rio Negro e que fazia a travessia entre ambas as margens do rio.
Telegrafista: Ao contrário da comodidade e popularidade de comunicação que celulares e a própria Internet nos proporcionam, em 1914, em plena Guerra do Contestado, Riomafra inaugurava a “Estação Telegráphica do Rio Negro”, uma verdadeira revolução em nosso sistema de comunicação da época, que requeria o emprego de um profissional especializado na operação do equipamento e conhecimento dos códigos de transmissão de mensagens, o telegrafista.
Carroceiro de frete: Se você precisasse de um táxi ou então de um caminhão para o transporte de uma carga qualquer e, é claro, você estivesse em 1910, iria precisar dos serviços de um carroceiro profissional, trabalhador devidamente habilitado, que transportava pessoas ou materiais conforme a estrutura de seu veículo.
Barqueiros: Com a navegação como um de seus principais meios de transporte, devido as vantagens logísticas que possuía e ainda a existência de um porto nas margens do rio Negro, até a primeira metade do século 20, muitas pessoas e cargas foram conduzidas em barcos e pequenos navios por essas águas barrentas, pelas mãos habilidosas de barqueiros.
Guarda-Chaves: Com estação de trens desde 1895 e sem sequer sonhar com a automação de hoje em dia, o trabalho ferroviário em Riomafra dispunha da atuação do Guarda-Chaves, responsável pela sinalização na chegada dos trens e por vigiar e manobrar as chaves nos desvios ou entroncamentos de trilhos.
Com recordações do passado riomafrense podemos não só compor diversos cenários da nossa história como constatar que algumas profissões surgem e desaparecem com o tempo, mas o trabalho e seus dignos executores, os trabalhadores, por maiores que forem as mudanças ocorridas com o passar dos anos, esses são para sempre.
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