Depois de um ano de muita luta, de muito trabalho, concluindo mais um dos diversos ciclos repletos de alegrias e também tristezas que compõe a nossa vida, chegamos ao último mês de 2013, ocasião onde, ao mal entramos em dezembro, geralmente já estamos pensando (e esperando) o seu final, mais especificamente a última semana, que compreende as aguardadas comemorações do Natal e do Ano Novo.
Assim, é difícil considerar dezembro um mês como os demais, ao qual ainda somam-se a ilustre presença da luz e do calor do verão, o que em uma terra onde reina o nublado, tornam os dias mais belos e agradáveis; também o fato de dezembro representar (pelo menos no calendário) “fim” e ao mesmo tempo a esperança de um “recomeço” melhor; pelas folgas de fim de ano, férias do trabalho e dos estudos sugerirem um clima mais descontraído; pela paz transmitida pelas igrejas que inspiram os bons sentimentos; ou ainda, pela atmosfera de alegria, de compreensão e de magia que (em alguns casos), indo além do materialismo tão exaltado nesta época, faz do Espírito Natalino algo real.
Uma época única do ano, repleta de tradições e costumes que compõe para muitos ainda, um verdadeiro ritual, seja pessoal, familiar ou mesmo social, que se inicia nesses dias que estamos vivendo e desenvolve-se de forma ascendente até o Natal, encerrando-se a 6 de janeiro com o dia de Reis.
A faxina de final de ano nas residências é geralmente um dos primeiros sinais da preparação das famílias para a comemoração do nascimento do menino Jesus. É com a casa limpa que os enfeites natalinos, guardados no sótão, são retirados das caixas e cuidadosamente distribuídos pelo lar, pisca-piscas, festões, bolinhas coloridas, estrelas e guirlandas dão um colorido diferente aos ambientes e mostram nitidamente a expectativa pela chegada de momentos marcados pela festa, pela reunião e pela confraternização com aquelas pessoas as quais se quer bem.
Nas ruas: As luzes, as placas, as árvores. Nas igrejas: Os corais, as encenações. Nas casas: As coroas de advento, as novenas e trabalho, muito trabalho, proporcional a grande satisfação que ele proporciona. Para preparações mais tradicionais, é hora de preparar as bolachas de Natal, fazer a massa, assar, pintar, empacotar os presentes, momento de se cortar a árvore, colocá-la no maior cômodo possível da casa e enfeitá-la, juntamente com o presépio, com as próprias bolachas de Natal e também com bolinhas de coloridas, muitas delas herança de pais e avós.
Mas como já se disse, o clima Natalino é repleto de atividades, de costumes que se intensificam com o passar dos dias, havendo nesse percurso até o Natal, outras comemorações que, com suas tradições, servem de preparação para a festa maior dos dias 24 e 25 de dezembro, como o dia de Ação de Graças, comemorado no Brasil (desde 1966) na 4ª quinta-feira de novembro.
Como parte das comemorações preparativas para o Natal, se celebra nessa sexta-feira, dia 6, o Dia de São Nicolau, uma festividade que faz parte das tradições natalinas de países como Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria e Polônia, existente também em nossa Riomafra, por obra da cultura européia de nossos colonizadores, como é o caso dos imigrantes alemães-bucovinos.
Um santo, cujo nome ou história a princípio, podem parecer desconhecidos para muitos de nós, mas que com certeza, seja por cultura étnica ou o mais simples conhecimento natalino, é mais familiar do que se imagina: Apesar da distância temporal em que viveu, entre os séculos 3 e 4 na região da atual Turquia, Nicolau é muito popular na Europa, principalmente entre cristãos católicos romanos e ortodoxos, que lhe atribuem uma série de lendas que tratam de milagres que o fazem Santo protetor dos marinheiros, dos comerciantes, do estudantes, dos pobres e principalmente das crianças.
A mais famosa dessas lendas conta que “três moças não podiam se casar porque seu pai não tinha condições de pagar seus dotes, o que na época representaria destino passível de servidão, escravidão ou mesmo prostituição. Então, Nicolau, comovido com a situação, buscou ajudar a família, jogou três sacos de moedas de ouro pela chaminé da casa das moças, sacos que caíram dentro das meias que estavam secando junto ao fogo da lareira”. Por isso, o costume natalino de pendurar meias nas lareiras das casas ou então colocar sapatos na janela.
Ainda, entre lendas de aparições, auxílio à pobres e do dom de ressuscitar crianças, São nicolau era comumente retratado como um velhinho de cabelos e barbas longas e brancas que, trajando vestes vermelhas, distribuía doces e presentes que, sem ser visto, eram deixados nas casas de crianças, pobres e doentes. Assim, qualquer semelhança com a figura do “Papai Noel” não é mera coincidência, pois Nicolau foi a inspiração para o surgimento do famoso personagem do Natal.
E, se a festa do inspirador da figura do Papai Noel é uma tradição antiga e a sua comemoração é herança de nossos colonizadores, o festejo do dia de São Nicolau (06 de dezembro – data do seu falecimento no ano de 342), a mais de duas décadas (23 anos exatamente) deixou de se restringir à comemoração familiar, de uma ou outra etnia e tornou-se um evento ao alcance de todos.
Promovida pela Associação Alemã-Bucovina de Cultura – ABC, a Festa de São Nicolau é uma comemoração que, conforme o costume bucovino e dentro do espírito natalino, reúne pessoas de todas as idades, em um ambiente alegre e familiar, onde músicas e decoração típicas se unem a apresentações folclóricas, aos deliciosos pratos típicos e a distribuição de doces. Doces esses, que são entregues, como prega a tradição, não pela representação do personagem Papai Noel, mas por “São Nicolau”, uma série de elementos que dão vida à uma antiga tradição presente em nossas raízes, cercada de costumes, muita história e que pertence a todos os riomafrenses.