Cerca de 50 pessoas participaram na quarta feira, dia 11, da audiência pública que debateu o tombamento, como patrimônio cultural, do Cine Teatro Emacite. A audiência foi realizada na Câmara de Mafra, e é parte integrante do processo para decretar o tombamento da função do imóvel.

A reunião foi convocada pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, Histórico e Artístico de Mafra (CoMPPaM) e contou com a presença de várias entidades, clubes de serviço da cidade e membros da comunidade mafrense.

Segundo Carmen Raquel Paluch, o processo de tombamento, iniciado em 2013, só pode ser realizado graças ao apelo popular, “a lei 3592 no seu artigo 8º rege que, para a inscrição em qualquer dos Livros do Tombo será instaurado o processo que se inicia por iniciativa: de qualquer pessoa física ou jurídica legalmente constituída, e diretamente interessada no tombamento; entidades organizadas; do secretário municipal de Cultura ou seu equivalente; por requerimento da Câmara de Vereadores de acordo com o regimento interno da casa” – disse a diretora do CoMPPaM. Explicou também que em Mafra o processo de tombamento teve inicio com um requerimento da Câmara e que depois, mais entidades apoiaram o movimento, completou. 

Carmen ressalta o fato de que o atual proprietário do imóvel, Banco Ibra de São Paulo, quando foi notificado sobre o tombamento, impugnou o pedido. Foi preciso uma intervenção da municipalidade para que se desse continuidade no processo, agora com a audiência pública o imóvel deve ser tombado.

Durante a audiência, entre as pautas debatidas foi apresentado modo pelo qual o imóvel deverá ser tombado “a ideia do tombamento é preservar a função do imóvel, quem alugar ou comprar o Cine Emacite não poderá explora-lo de outra forma que não seja cultural”. Carmem afirma que após a audiência será realizado uma descrição detalhada do imóvel citando suas características que serão incluídas no livro tombo.

A voz do povo

A comunidade participou ativamente da audiência, muitas pessoas se mostraram preocupadas em perder um dos únicos espaços Culturais de Mafra. O primeiro a se manifestar foi Nelson Paes, advogado aposentado, que leu um email enviado pelo Banco Ibra, a sua filha também advogada que está prestando apoiando jurídico para o tombamento do Cine Teatro, “no e-mail o banco proprietário do Cine Teatro Emacite mostrou preferencia por cidadãos de Mafra para a compra do imóvel, e ainda questionou se existia alguma proposta” disse Nelson.

O movimento acorda Rio Mafra também se manifestou, alegando que muitos dos pontos de culturais de Mafra se perderam, “a antiga Igreja matriz eu só conheci por fotos, assim como o Clube 14 Julho, lugares importantes que não foram preservados e hoje não existem mais, não podemos deixar acontecer o mesmo com Cine Emacite, devemos deixar vivo a história de quem passou por ali”, disse Bruna Eckel.

O administrador do hotel Emacite, Valdir Luiz Della Giustina Junior, também se manifestou durante a audiência publica “eu acho importante o Cine Emacite, mas ele só tem importância se estiver funcionando, nós já trouxemos para Mafra Diogo Portugal, o Ballet de Bolshoi, esses eventos só foram possíveis porque o teatro estava aberto, é preciso reabri-lo” – disse.  Valdir ainda comentou que com o cinema fechado, a possibilidade de deterioração do espaço é muito grande “existe um córrego que passa embaixo do teatro que favorece a acústica do espaço, a mais de um mês eu me preocupo com o estado de conservação das cadeiras da própria tela”, finalizou.

O mafrense João Diego também se manifestou sobre o assunto “eu gostaria de lembrar que a gravação dos hinos das cidades de Mafra e de Rio Negro assim como a de corais da nossa cidade são todas feitas no Cine Teatro Emacite, justamente pela acústica, que é muito comentada por ai a fora”, disse.  Os vereadores mafrenses também se manifestaram apoiando o tombamento.

Durante a audiência também houve questionamentos como: s o cinema seja tombado o banco pode entrar com algum pedido de impugnação? “A presidenta respondeu que não, após ser tombado o Banco Ibra não teria mais o poder de impugnar o tombamento”.

No final da sessão foi proposto que a população que acompanhava assembleia votasse o tombamento, assim por unanimidade o Cine Emacite foi tombado pelos cidadãos de Mafra, em uma eleição figurativa mais que mostra o respeito que a comunidade tem pelo espaço, pois como foi dito na assembleia “o desenvolvimento humano precisa de arte e cultura”.

E os compradores?

Após audiência foi debatido o fato de que nenhum comprador interessado no Cine Emacite compareceu a audiência, especulasse que um curitibano queria comprar o imóvel, porém ainda nada oficial.