A comunidade de Avencal do Meio, uma das mais antigas da região, possui também um dos cemitérios mais antigos, talvez o mais antigo, de Mafra. Os primeiros túmulos datam de 1890. O cemitério ainda em uso, já foi objeto de pesquisa antropológica entre 2008-2010, sendo considerado Patrimônio Cultural, porém, em função da sua situação jurÃdica (pertence a comunidade e não ao poder público), nunca foi elaborado um projeto de tombamento. Este cemitério é mantido pela comunidade de Santa Cruz, que desde de sempre faz as manutenções necessárias através de mutirões, doações e arrecadações festivas.
Esta prática, de resolver os problemas locais sem apoio do poder público é bem antiga. A estrada Dona Francisca, que corta a localidade, foi construÃda entre 1870 e 1890 em circunstâncias semelhantes, contando na maioria das vezes com o trabalho voluntário de moradores locais. Da mesma forma a manutenção destas estradas.
O que vivenciamos nas últimas semanas foi um retorno ao século XIX. A estrada vicinal, que dá acesso ao cemitério, é uma via municipal e encontrava-se intransitável. A erosão havia consumido boa parte da estrada. Comunicado o poder público municipal sobre a situação da estrada, o executivo se prontificou verbalmente em arrumar a estrada. Como a promessa foi apenas verbal e “non solum verbis credendum†(só em palavras não deve confiar) já diziam os romanos, a comunidade teve que partir para o mutirão. Reunidos alguns tratores e uma retroescavadeira, moradores locais consertaram o acesso, que ainda carece de empedramento. Agora ficam alguns questionamentos: Será mesmo justa esta situação? Com a quantidade de impostos que é pago, os cidadãos terão que partir para o mutirão para resolver o problema das estradas? Voltamos à época de nossos tataravós?