Qual é a maior dificuldade quando o assunto é doação de órgãos? Segundo a enfermeira do Hospital São Vicente de Paulo, Lucimara Kauva, é a falta de informação. E justamente para suprir essa necessidade que, desde 2009, o HSVP já ministrou mais de 200 palestras em Mafra. Essa mobilização em torno do assunto é considerada modelo no estado catarinense, ajudando não só a população mafrense, mas também todo estado de Santa Catarina.
A mais recente palestra foi para alunos de sétimo e oitavo ano do Centro de Educação Municipal Anjo da Guarda em Mafra, ministrada na quarta-feira, 24. “Hoje abordamos sobre a morte encefálica e doação de órgãos, com objetivo de que desde cedo as crianças saibam definir o que é morte encefálica e o que é doação de órgãos”, explicou Lucimara
Para a coordenadora pedagógica, Michele Patrícia Sclonke Nunes, a palestra foi muito informativa, interessante e de grande importância. “O acesso a essas informações foi muito valioso para nossos alunos, discutimos sobre um tema que salva vidas. Por outro lado, a palestra vem a calhar de forma positiva com os temas que estamos trabalhando em sala de aula, uma vez que neste bimestre estamos trabalhando o corpo humano”.
A aluna do oitavo ano, Jessica Hayla, de 13 anos, diz que já participou de outra palestra sobre o mesmo tema, mas que a cada palestra surgem sempre novos conhecimentos. “Para mim, e pelo que percebi dos meus colegas, a palestra foi muito legal e importante. Doar órgãos é algo valioso é que muitas vezes pessoas perdem a vida por falta de conscientização por parte de quem poderia autorizar a doação,” argumenta.
Para ser doador
Diferente do que muitos pensam, não é necessário qualquer tipo de documento ou declaração escrita para ser um doador. Segundo Lucimara, basta conversar com a família sobre seu desejo. “A doação só acontece após a autorização familiar, por isso da importância de comunicar seu desejo a seus familiares. Basta um sim para mudar a vida de outra pessoa que esta na fila de espera precisando de um órgão para poder viver ou melhor, mudar a sua qualidade de vida”, enfatiza.
Certeza do diagnóstico
Outro dado apontado pela enfermeira, é que em muitos casos a família do doador mantém viva a esperança – mesmo quando o diagnóstico é de morte encefálica – perdendo assim minutos vitais para salvar outras vidas. “O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, dois médicos diferentes examinam o paciente, sempre com comprovação de um exame complementar, que é interpretado por um terceiro médico, portanto não existe dúvida quanto ao parecer. Já a retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, e logo após o doador poderá ser velado normalmente”, finalizou.