No sábado passado, 24 de junho, uma missa de ação de graças deu início à 24ª Bucovinafest, uma festividade que comemora a chegada a Riomafra dos primeiros imigrantes alemães-bucovinos, ocorrida em 1887 e que completa em 2014, 127 anos.
Uma festa simples e familiar, que resgata muito da tradição de uma das principais etnias formadoras da nossa população atual, apresentando muita música e danças típicas, o tradicional traço religioso e uma culinária de “dar água na boca”, a Bucovinafest dá mostras de uma cultura, de uma tradição secular, que não só integra como faz parte da própria história de nossos municípios.
E, se como vivemos a 24ª edição da Bucovinafet, que convenhamos é um número “bem”, “muito bem” expressivo para uma festividade cultural realizada ininterruptamente em nossa região, que se mantém graças a uma associação cultural (a Associação Alemã-Bucovina de Cultura – ABC), cujo trabalho se baseia numa dedicação totalmente voluntária, a festa é muito mais do que apenas uma festa, mais do que simples diversão, ela se reveste como verdadeiro exemplo de amor às nossas tradições.
Uma comemoração nascida em 1991, no 104º aniversário da chegada dos colonos, que reunia atividades como concurso de redações escolares, exposição de fotos e objetos antigos, palestras sobre história e cultura, missas em ação de graças, homenagem aos antigos colonos no cemitério municipal, amostras da culinária típica e o baile típico bucovino (Haluschkifest), festa realizada de 06 a 14 de julho que levou o nome de 1ª Semana Bucovina.
Mas, muito antes de 1991, lá na segunda metade da década de 1930, nossas cidades já viveram dias de festa sob as cores e o ritmo da cultura Bucovina, 77 anos que separam os festejos dos “50 Anos” de imigração e a 24ª Bucovinafest, comemorações distintas, mas que mesmo distantes no tempo, apresentam aspectos bem parecidos.
Foi entre os dias 10 e 19 de julho de 1937 que Riomafra celebrou a “Festa do Cincoentenario da Emigração dos Teuto Bukovinos Austríacos”, que teve como centro principal de suas atividades o então “Parque da Sociedade Agricultura União” (mais conhecida hoje como Sociedade União “Fuchs”), entidade fundada por membros da comunidade bucovina em 1922, originalmente com o nome de “Sociedade dos Agricultores e Apicultores de Rio Negro e Mafra”.
A “Festa do Cinquentenário”, iniciada com “salvas de tiros de alvorada”, contou com a realizaçãode aulas de agricultura e pecuária e, exposição de gado, temas dirigidos diretamente às atividades profissionais ou, mesmo comuns ao serviço de casa, que geralmente congregava a criação de animais e a plantação para consumo próprio, não exclusivos dos colonos bucovinos, mas compartilhados por considerável parcela da nossa população.
Enquanto a religiosidade do povo se externava na festa pela realização de missa campal, de celebração também na igreja matriz de Rio Negro e da procissão ao cemitério municipal, outros aspectos culturais e tradicionais podiam ser vistos na apresentação de uma peça teatral, de danças típicas, cujos integrantes trajavam roupas comuns aos seus antepassados e, na constante presença da culinária tradicional, das churrascadas e da música, das bandas que se apresentavam durante os eventos.
Música a qual se percebe um gosto muito grande, principalmente quando embalava os animados bailes do Cinquentenário, mais exatamente 8, 8 bailes em 10 dias de festa, algo realmente marcante e que nos dá uma pequena ideia do amor bucovino tanto pela música quanto pela dança.
Características, traços e semelhanças que unem diferentes comemorações (das missas, dos bailes de 1937, à Haluschkifest de 1991 e o jantar dançante do próximo sábado) de uma mesma cultura, que mostram a alegria em se festejar as tradições, do orgulho do passado, de uma história que é Bucovina, que é riomafrense, que é de todos nós.
obrigado.