Unidade militar instalada em Rio Negro, responsável pela construção da estrada de ferro ligando Mafra à Lages, que chegou a receber a visita do Presidente da República Juscelino Kubitschek, o 2º Batalhão Ferroviário, mesmo 47 anos depois de sua partida, ainda se faz presente na memória riomafrense.
Da Guarda Nacional, da 1ª metade do século XIX, à atualidade com o 5° Regimento de Carros de Combate, a presença militar é marca da história de Riomafra, não somente pelo fato do desenvolvimento de suas missões constitucionais, como também pelo grau de integração que essas unidades estabeleceram com a nossa comunidade, transpondo o simples caráter profissional/social e figurando como laço afetivo, integrante da história pessoal de centenas de riomafrenses.
Nesse contexto, o caso do 2° Batalhão Ferroviário, mais conhecido pela denominação histórica de “Batalhão Mauá” (assim como o 5º RCC é denominado “Regimento Tenente Ary Rauen, é emblemático. Quem nunca ouviu histórias ou causos sobre essa Unidade Militar, ou mesmo aquela confusão bem comum em nossas cidades: Alguém se referir ao 5° Regimento de Carros de Combate como “BATALHÃO”; isso 47 anos depois do “Mauá” deixar Riomafra.
Instalado em Rio Negro em 29 de julho de 1938, o Batalhão Ferroviário, foi criado com o objetivo inicial de construir os trechos ferroviários entre Rio Negro – Caxias e Pelotas – Santa Maria, missão essa logo alterada para a construção de parte do Tronco Principal Sul, importante obra de ligação ferroviária da região, ligando Mafra à Lages, em uma extensão de 294 km. Missão de tão elevado vulto que ocasionaria, em 1957, a visita do Presidente da República Juscelino Kubitschek a Riomafra a fim de inspecionar pessoalmente o andamento das obras.
Inicialmente o Batalhão, composto apenas por 11 oficiais e 17 praças, funcionou provisoriamente em um casarão alugado, que havia abrigado o Tiro de Guerra n° 222, na rua Barão do Rio Branco, local de espaço reduzido para a estrutura da Unidade, fato que exigiu o pronto o início das obras do aquartelamento próprio.
A construção do quartel foi a primeira grande realização do Batalhão, o local, uma área muito irregular cedida pela superintendência da Viação Férrea Paraná – Santa Catarina, exigiu uma grande terraplanagem para que depois, fossem erguidos em madeira, os 23 pavilhões que integraram suas instalações.
Terminado o quartel, a 03 de março de 1939 foi dado início aos trabalhos de construção da estrada de ferro em Mafra, rasgando a paisagem original por obras das mãos de 28 oficiais e 84 praças, efetivo ao qual se incorporavam outros 1240 civis, funcionários de empresas terceirizadas.
Esse envolvimento prático dos militares com a sociedade local, no desenvolvimento de suas atividades profissionais em conjunto, o grande número de pessoas envolvidas direta e indiretamente nessas e em todas as demais ações da Unidade, assim como a próprio impulso que a presença desses trabalhadores proporcionou à economia local durante mais de 26 anos, levou a um estado de integração que, somente o fato de ser mencionado e lembrado quase 50 anos depois de deixar nossas cidades (e de forma positiva), pode dimensionar sua magnitude.
Por força da própria razão de ser do 2º Batalhão Ferroviário, esse convívio chegou ao fim em 1965, quando, a entrega do trecho Mafra-Lages resultou na atribuição de nova tarefa ao Batalhão Mauá: A construção da estrada de ferro ligando Uberlândia – Araquari – Pires do Rio, o que ocasionou a transferência da Unidade para Minas Gerais, em maio daquele ano, quando instalou-se na cidade de Araquari, onde localiza-se até os dias atuais, agora com a denominação de 11º Batalhão de Engenharia de Construção – “Batalhão Mauá”.
Além das marcas físicas de sua passagem por Riomafra, como a ferrovia e o aquartelamento em Rio Negro, ocupado atualmente pelo 5º RCC (local onde ainda pode-se observar algumas características do batalhão, como antigas instalações em madeira e, apesar da pintura atual, o escudo do Batalhão em alto relevo cravado na caixa d’água) o Batalhão Mauá legou às nossas cidades um exemplo de boa convivência e interação não só entre militares e civis como também entre o institucional e a sociedade na qual está inserida.
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