A representação de algo real por meio de símbolos é algo comum para todos nós, países, instituições, empresas, marcas e produtos são retratados através de desenhos, dos escudos de clubes de futebol aos brasões de famílias, esses símbolos não só estão presentes em nosso dia-a-dia, como retratam e carregam em si, mensagens, idéias ou mesmo a história daquilo que representam.
Símbolos municipais, como a bandeira e o brasão, são bons exemplos disso, pois mais do que simplesmente representar o município, eles carregam consigo diversos elementos, que podem tanto ser identificados por meio de uma observação mais atenta, quanto revelar um pouco da própria da história do município. Assim, com Rio Negro aniversariando na próxima semana, vejamos o que o brasão do município nos diz sobre a nossa cidade e o nosso povo.
Seguindo regras da Heráldica (ciência que estuda os brasões e escudos), o brasão rionegrense é assim descrito (Lei n°. 168/1974): “Escudo português redondo, encimado por um castelo mural de Prata de oito torres ameias e a sua porta cada mea”. Em campo de sínople, uma banda branca, tendo sobre este no cantão em chefe, um pinheiro ladeado por um ramo de tabaco e por um de erva-mate. No cantão esquerdo do extremo um leão de púrpura, trazendo nas garras um catecismo, nas espáduas um machado de ouro. No cantão esquerdo superior, as armas do império do Brasil e no direito inferior, as da Prússia. No listel em campo de goles as palavras “Trabalho, Fé e Perseverança.”
Para facilitar o entendimento, deixemos um pouco de lado as regras heráldicas de descrição e atentemos para as figuras que compõe o brasão, o significado que cada uma delas possui e a leitura que todo o conjunto proporciona:
Escudos podem ter diferentes formatos, relacionados com sua origem mais remota, o formato do escudo rionegrense é o de origem portuguesa (com base arredondada), escolhido por fazer referência ao descobrimento e à colonização lusitana do Brasil, tendo as cores e a geometria seguido o modelo da bandeira do estado do Paraná.
Externamente ao escudo há o chamado “Castelo Mural”, uma coroa na forma de torres de castelo, que simboliza a riqueza de uma cidade e também a sua autonomia em relação às demais, o que pode muito bem ser compreeendido como símbolo da emancipação política Rionegrense em relação à Lapa (1870).
Dentro do escudo, no canto superior esquerdo, há a representação de um pinheiro e ramos de erva-mate e fumo, onde enquanto o pinheiro faz alusão à mata nativa da região, os ramos de erva-mate e fumo representam tanto os produtos, quanto a própria produção agrícola do Município.
Abaixo e à direita podemos observar um leão com um machado às costas segurando um livro, um conjunto de imagens com significado próprio, que faz referência ao período de surgimento de Rio Negro. Os desenhos do leão em duas patas, assim como o machado, são conhecidos símbolos de famílias, cuja combinação refere-se diretamente ao fundador do município, João da Silva Machado – o Barão de Antonina. O livro (catecismo – utilizado na instrução religiosa) que o leão segura em suas patas, diz respeito à religiosidade da população e nos remete a antiga Capela da Mata, obra do próprio Barão de Antonina.
Completam o brasão, em seu canto inferior esquerdo, as armas da Prússia (antigo estado do norte alemão) onde figura a imagem de uma águia, fazendo referência à colonização alemã de 1829 e, no canto superior direito, as armas do Brasil na época do império, período no qual Rio Negro emancipou-se politicamente e que lembra a Unidade Nacional.
Dessa forma, fazendo uma leitura geral, podemos afirmar que o brasão rionegrense nos remete à história do próprio município, do seu fundador à capela da mata, de sua natureza e potencial agrícola, do surgimento de seu embrião com a ereção da capela da mata, à sua autonomia administrativa como cidade, da colonização por imigrantes estrangeiros à própria condição de brasilidade. Diversas figuras com vários significados, que contam um pouco da história do município (e não a esgotam de forma alguma) e juntos representam não só uma cidade que comemora mais um aniversário na próxima semana, mas todo o povo que a compõe.