Fim de Copa do Mundo no Brasil, por cerca de um mês essa competição, alimentada por uma grande cobertura jornalística, inundou nosso dia-a-dia não só com jogos de futebol, mas também com um constante desfile dos diferentes idiomas, sotaques, camisas, escudos e cores das 32 seleções de futebol que aqui disputaram o torneio da FIFA.
Símbolos, como bandeiras, camisas e brasões que tanto se referem aos seus países quanto refletem a história e as aspirações de seus povos, como as tradicionais listras em branco e azul da camisa e bandeira da Argentina; o azul do uniforme italiano ou o laranja holandês, que não constam dos pavilhões nacionais desses países, mas simbolizam as cores de suas respectivas famílias reais.
Ou mesmo a nossa camisa “canarinho”, que faz referência ao amarelo da bandeira, símbolo das nossas riquezas, mas que originalmente, lá na bandeira imperial, representava a família da imperatriz, Dona Leopoldina (princesa austríaca) esposa de Dom Pedro I. Que ainda traz o escudo da Confederação Brasileira de Futebol – CBF em formato português, reforçado pela cruz branca, numa nítida lembrança de nossa colonização lusitana.
Mas não é de agora o fato de estarmos cercados por “símbolos”, na verdade eles nos acompanham a muito tempo, da logomarca de empresas presente nas roupas, nos eletrodomésticos, nos computadores, nos celulares, na camisa de nossos times de coração, assim comona representação de nossas próprias cidades, cada qual comsuas bandeiras, brasões, cores e hinos.
Simbologia que mais do que representar um município, carrega consigo um pouco da nossa história, como é o caso mafrense em seu brasão, que possui a seguinte descrição heráldica (ciência dos escudos e brasões):
Escudo samnítico encimado pela corroa mural de oito torres, de argente. Em campo de argente uma secção de trilhos ferroviários de sable em dormentes de goles posta em banda e uma faixa de pista rodoviária de sable sinalizada de argente posta em contra-banda, que entrecruzam em abismo. Em chefe uma roda navalhada de goles, planqueados a dextra e sinistra, três pinheiros estilizados de sínopla e ao termo uma árvore de mate do mesmo. Em ponta, um aguado de sable e ondado de argente. Como apolios do escudo, a dextra e sinistra, duas chaminés de goles funegantes carregadas de engrenagens de argente, nascentes de um listel de goles onde se inscreve, em letras argentinas, o topônimo “Mafra” ladeado pela data “8 de setembro 1917”.
Para facilitar o entendimento, deixemos um pouco de lado as regras heráldicas de descrição e atentemos para as figuras que compõe o brasão, o significado que cada uma delas possui e a leitura que todo o conjunto proporciona:
Escudos podem ter diferentes formatos, relacionados com sua origem mais remota, o formato do escudo Mafrense é o de origem francesa (com o centro pontiagudo em uma base arredondada), escolhido por ter sido introduzido pelos colonizadores portugueses no Brasil e assim a eles de certa forma se referir.
No brasão, acompanha a faixa que traz o nome do município de Mafra e sua data de criação “8 de setembro de 1917″ (ou emancipação política, como descreve a lei nº 773-A de 1972), o tradicional “Castelo Mural”, uma coroa na forma de torres de castelo, que simboliza a riqueza de uma cidade e também a sua autonomia em relação às demais, o que pode muito bem ser compreendido como símbolo da criação do município em 1917 (desmembrado de Rio Negro) e, que de certa forma, liga-se ao desenho da “roda navalhada”, instrumento utilizado na execução deSanta Catarina de Alexandria (mártir do catolicismo em seus primeiros séculos), alusivo portanto à padroeira que dá nome ao nosso estado de Santa Catarina.
Descrevendo um pouco da nossa terra, as riquezas naturais simbolizadas pelos pinheiros e o rio Negro são acompanhadas de imagens relativas à industrialização local, como os chaminése as engrenagens e ainda, dos trilhos de trem do entroncamento ferroviário aqui existente.
Dessa forma, fazendo uma leitura geral, podemos afirmar que o brasão mafrense nos remete à história do próprio município, de sua ligação ao estado ao qual integra, dos elementos naturais e econômicos que a compõe e à própria condição de brasilidade. Diversas figuras com vários significados, que contam um pouco da história do município (e não a esgotam de forma alguma) e juntos representam não só uma cidade, mas todo o seu povo.
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