A comunicação é uma necessidade humana, um imperativo antropológico e biológico para fuga da solidão, uma exigência natural para a adequada sobrevivência física e psíquica, assim como para a formação individual e imersão no meio social.
Uma necessidade que não só nos leva a buscar a comunicação mas também ampliá-la, indo muito além do simples alcance de nossa voz, deixando de ser “restrito” ao campo biológico e alcançando uma configuração social, abrangente, coletiva. E, por assim ser, coletiva e social, passa a agregar também os interesses e conveniências dessa sociedade, sejam eles o lazer, a busca de informação, o desejo de divulgação de informações, o aspecto econômico/comercial e tantos outros, assumindo para isso, as mais diferentes formas que os órgãos e meios de comunicação apresentam hoje em dia.
Entre as formas diversas dessa comunicação se efetivar, temos entre as mídias escritas, os nossos conhecidos JORNAIS, surgidos na Europa por volta do século 16 e criados oficialmente no Brasil após a transferência da Família Real Portuguesa para terras tupiniquins, em 1808.
Nessa área, ter acesso à informação, tomar conhecimento dos acontecimentos que ocorrem em nossas cidades e região, de forma prática e fácil não é coisa recente em Riomafra, em lugar onde grandes acontecimentos apresentam números (relativos à datas) que aproximam ou mesmo ultrapassam a barreira dos cem anos (como a criação de Mafra a 96 anos, a chegada da ferrovia a 118, a emancipação rionegrense a 143, a colonização alemã a 184 e a passagem das primeiras tropas de gado muito além disso) , a nossa imprensa, dando mostra de sua importância, também acompanha essa ideia.
Muito antes de qualquer meio da Web, da chegada da TV, da instalação ou mesmo da popularização dos aparelhos de rádio, nossos conterrâneos do passado, no final do século 19, já tinham à sua disposição um jornal local.
Com um nome que bem mostra sua conterraneidade e, que para os mais atentos revela também a ideia principal que motivou sua criação, o jornal “O Rionegrense”, foi criado em 06 de novembro de 1898 (115 anos atrás), em plena disputa nos tribunais entre Catarinenses e Paranaenses pelo território do “Contestado”, a fim de defender os interesses do município, ou seja divulgando a versão paranaense daquela questão.
Ainda entre os avôs dos nossos jornais atuais, em 1907 vemos a criação do “O Rio Negro”, que ainda sofreu forte influência das questões políticas da época, que acreditava-se, poderiam dividir o território do município (como o que realmente aconteceria anos depois em 1916), pois estava sob a administração do chamado “Comitê de Limites”, um grupo formado para afirmar o direito do estado do Paraná sobre a área em disputa nos tribunais, e é claro, de uma Rio Negro que se estendia ao Sul além do rio que lhe valeu o nome.
É claro que o tema político-judicial não era o único assunto do jornal, e como todo órgão de imprensa, o jornal “O Rio Negro” também trazia em suas páginas outros acontecimentos do contexto local, revelando a realidade vivida naquele momento histórico, realidade que hoje, (em tempos de contínuas novidades na área da informática) chega a soar com ares de curiosidade e estranheza, como no caso do citado por Raul d’Almeida (História de Rio Negro, de 1976) onde em 1910 “O Rio Negro” noticiava o crescente aumento do uso dos “engenhosos aparelhos” de escrita, ou seja de “Máquinas de escrever” em nossa cidade.
Entre os vovôs da nossa mídia escrita figuram ainda a versão de “O Rionegrense” em idioma alemão, chamado de “Rionegrenser Zeitung”, mostra da capacidade de adaptação e expansão da comunicação; também o jornal “Imparcial”, de 1913; e, a versão mais nova do “O Rionegrense”, a partir de outubro de 1924, que custava um tostão e se colocava agora, como órgão da indústria comércio e lavoura.
De lá para cá muita coisa se passou, jornais surgiram, alguns se foram e aos poucos o jornalismo escrito ganhou a companhia do rádio, da TV, da internet e outros meios. Mas hoje, 115 anos depois da criação do pioneiro “O Rionegrense”, o jornal riomafrense mantém-se atual e muito forte, mostrando sua capacidade de adaptação às novas demandas surgidas ao longo dos anos e o cumprimento da função de informar, divulgar, criticar e assim levar a “realidade” local ao conhecimento da nossa população.