Coberto, quase por completo, por um capim denso e alto, que praticamente impede a entrada de qualquer pessoa com um mínimo de conforto. Sem portão, com um muro pequeno, empoeirado e sem qualquer identificação, o antigo Campo do Curralinho ou Cemitério do São Lourenço, é um local praticamente “inotável” na paisagem da estrada que liga o centro de Mafra a sua maior localidade do interior. Se não fossem as duas cruzes, que castigadas pelo tempo ainda se mantem em pé próximo a sua entrada, nem uma pessoa a pé suporia que ali, é ou foi um dia, um campo santo.
Abandonado, um de nossos mais antigos cemitérios, localizado no berço de nossa Riomafra, hoje está muito longe de ter as mínimas condições de ostentar toda a historicidade que possui, afinal, muito mais do que um local de descanso de nossos antepassados, por ele pode-se contar alguns dos mais importantes acontecimentos de toda nossa região.
Primeiramente, porque o São Lourenço estava na rota dos tropeiros que levavam gado e muares do Rio Grande do Sul à São Paulo. Sendo o lugar onde em 1826 começou a ser construídaa chamada “Estrada da Mata”, concentrando os trabalhadores construtores da estrada, os militares dedicados à segurança daquelas pessoas e instalações do “Abarracamento do São Lourenço” e, até o próprio Barão de Antonina, chefe e responsável pela execução da obra.
Estrada, cuja melhor estrutura apresentada em relação à “picada” existente anteriormente, facilitou a condução de tropas pela região e afirmou o São Lourenço (ou Curralinho) como, ponto de passagem e local de pouso de tropeiros.
Trabalhadores que se sujeitavam a longas e duras viagens, àsintempéries do tempo e os perigos que o sertão guardava aos viajantes daquele tempo, animais selvagens, peçonhentos, indígenas hostis e um sem número de doenças.
Assim, tropeiros muitas vezes não chegavam a completar suas viagens, não retornando aos seus lares por falecerão longo do árduo caminho que percorriam, sendo enterrados próximos à estradasou pousos, dando assim origem a cemitérios, como o do São Lourenço.
O que já bastaria para conferir ao antigo cemitério uma considerável importância em qualquer explanação sobre a história de Riomafra, não é o único fato relevante que detém, pois, além de guardar os corpos de tropeiros, aquele campo santo abrigou, em uma época conturbada de nosso passado, soldados da maior guerra civil do nosso país.
Agitada pela eclosão da Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. A região de Riomafra se tornou ponto de partida (e recuperação) de tropas do exército nacional que seguiam para o combate contra os “revoltosos” (como eram chamados pela imprensa os farroupilhas), local, junto ao abarracamento do São Lourenço, no qual foi fixada uma tropa militar desde 1835 e, que também servia de barreira contra um possível avanço gaúcho.
Uma guerra civil longa, com cerca de 10 anos de duração, que exigiu muito do exército brasileiro de então, que dispondo de soldados de todos os cantos do Brasil, criou uma circulação de tropas militares e civis, profissionais e voluntários, que acabaram por trazer consigo uma perigosa doença, “uma peste”, como era comumente tratada. Altamente infecciosa e de resultados arrasadores visualmente muito impactantes, a varíola contaminou soldados, tropeiros e habitantes, levando mais de 2000 pessoas à morte.
Assim, o medo de contágio pelas pessoas da época, fez com que os mortos fossem enterrados juntamente de seus pertences mais próximos, para evitar que os mesmos, ao serem repartidos pela família ou colegas de profissão, levassem a transmissão da doença.
Viajantes e estrangeiros, soldados e tropeiros, vítimas da “peste” enterrados com seus pertences, foram fatos que contribuíram para o surgimento de lendas de assombrações atribuídas ao cemitério do São Lourenço. Causos contados pela população, que relatam a aparição de fantasmas, a existência de tesouros, a interferência direta de espíritos no funcionamento de maquinários de terraplanagem de indústrias (que hoje existem no entornodo campo) e até agressões aos trabalhadores por meio de pedras lançadas misteriosamente contra eles.
Com tudo isso, que resumidamente se expõe, se percebe que aquele pequeno cemitério é parte da história Riomafrense, não só pelo simples fato de ser antigo, mas principalmente por se constituir numa verdadeira aula de história local. Um lugar rico em fatos e lendas, no qual podemos recordar dos primórdios de nossa sociedade, mas que infelizmente, esquecido, não demonstra o verdadeiro valor que possui.
Sou Hélio Ronzani e estou fazendo a genealogia de minha concunhada , filha de Felipe Lorena Pinto (família Lorena Peters). Pelo lado da família Pinto cheguei ao Imperador Carlos Magno *742 + 814. Pelo lados dos Peters a Christian Peters *1786 Baden Alemanha e Falecido ?? Mafra/Rio Negro. Saberia me informar onde ficava a Campina dos LOrenas e também o cemitério dos Cardosos?
Grato