Domingo será mais um “Dia das Mães”, data de lembrança e homenagens àquelas que nos deram a vida, que nos carregaram por longos meses, que sentiram as dores, sensações, sentimentos e consequências disto, mas que, embora o tempo acabe por nos separar, seja fisicamente com o parto ou mesmo as situações e distâncias da vida, sempre pareceram ser os seres mais próximos de nós.
É claro, que generalizar, assim como restringir, qualquer situação, como a visão das mães como pessoas digamos, de certa forma melhores, ou pelo menos com um diferencial a mais que os demais (quando falamos em amor, carinho e dedicação), pode ser um erro, afinal, cada caso é um caso e como são muitas as mães que orgulham os seus filhos, também existem aquelas que não chegam ao básico daquilo que se espera de um ser humano e muito mais de uma mãe.
Mas em geral, essas mulheres, mesmo não sendo perfeitas (afinal quem o é?) são símbolos daquilo que melhor podemos esperar e sentir por outro ser humano, donas de um amor verdadeiro, sincero e desinteressado. Uma pessoa especial que a princípio, todos nós temos, pelo menos em teoria, sendo alguns privilegiados agraciados pela vida com duas ou três, pois mais do que possibilitar o nascimento, ser mãe também é atitude, é estar junto, possibilitar o crescimento não só físico, como psicológico, afetivo, papel assumido brilhantemente por muitas, que em alguns casos não chegaram a dar a luz, mas que se fazem elemento essencial na vida de muitos, tidos como verdadeiros filhos.
Se, ser mãe é algo cercado de encanto (e de muita propaganda nessa época) numa compreensão coletiva, também é que essa situação, embora maravilhosa, também não é tarefa fácil, não somente por todos os fatores que envolvem a gravidez, mas pelo próprio fato do dever (compartilhado com os pais, é claro) de educar, ensinar valores e dar aos filhos toda uma base necessária a eles para que possam mais tarde seguir sozinhos (e de forma correta e certa) a própria vida, tudo que engloba não só atenção, tempo, paciência, bom senso, como também dinheiro e dá direito a muita, muita preocupação, pelo acompanhamento de perto ou mesmo à distância, dos filhos por toda a sua vida.
E, como não poderia deixar de ser, se hoje o título de mãe vem junto com uma boa dose de trabalho e preocupação, imagine que no passado isso não era muito diferente, embora muitas das preocupações atuais não representassem riscos no passado, muitos outros (que já não são considerados tão perigosos assim) se faziam presentes, dando à função de mãe, ares diferentes de dificuldades mas, cuja superação mostra mais uma vez o valor dessa encantadoras mulheres.
Para isso basta lembrar que a amplitude da assistência médica a algumas décadas era menor, bem menor que a atual, assim como a própria resistência pessoal a ela, sendo mundo comum ainda na década de 1950, o acompanhamento médico somente no momento do parto, após nove meses de gravidez sem qualquer tipo de acompanhamento especializado, onde rotinas (de alimentação e atividades diárias) eram amparadas simplesmente pelos conhecimentos populares, herdados da experiências de familiares e amigos.
Isso quando ainda havia atendimento médico disponível, pois partos em casa sob a supervisão de parteiras era comum, como o caso da mãe, que já com nove meses de gestação, trabalhou na roça de logo cedo até próximo das 15h30min, quando sentindo dores voltou à pé para casa (na área rural da cidade), tendo seu filho próximo das 17h daquela mesma tarde, fato semelhante ao que ocorreria com suas demais crianças.
Precariedade do local e tempo onde a mãe de um bebê prematuro, que embora nascido em nossa então recém criada maternidade rionegrense e, com claros sinais de problemas de saúde, buscou por toda Riomafra, sob frio e chuva, a pé ou de carroça, ajuda e alternativas para salvar a criança, que segundo foi dito na época “era pequena e fraquinha e não iria se criar”. Mas que, “graças” ou simplesmente “com” o auxílio de remédios caseiros e conselhos de “benzedeiras” teve sua garra e amor, recompensados pelo sucesso da melhoria da saúde da filha.
Caso de empenho e dedicação como a dona de casa, mãe de quatro filhos pequenos que, vendo-se viúva na década de 1960, assumiu também o papel de pai, trabalhando incansavelmente para manter financeiramente e unida aquela família, num modelo de amor e superação de dificuldades.
Exemplos como o da mãe que buscando forças em seu íntimo, toma atitudes corajosas diante de uma situação “difícil”, como uma doença grave e encara um penoso tratamento com serenidade, demonstrando e transmitindo esperança a todos. E, que esconde da família as reais “dores” da doença, buscando colocar em seus atos e palavras, expressões de seu natural e tão bem conhecido carinho, para não entristecer os filhos, para não perder a eterna esperança da melhora, num belo exemplo de preocupação com aqueles que ama mesmo diante de momento tão difícil.
Mas enfim, basta um olhar sobre essas e muitas outras pequenas e ao mesmo tempo grandes mostras daquilo que não apenas uma ou algumas mulheres fizeram e fazem por seus filhos, mas do que todas (ou quase todas) representam para eles, pessoas especiais, não perfeitas (como qualquer um de nós), cheias de erros, enganos e dúvidas, mas especiais, muito especiais pelo carinho de seus atos, pelas demonstrações de amor e também pelo calor de seu colo e seu abraço, que encantam e aconchegam filhos de qualquer idade.