Estamos iniciando mais um período eleitoral, antecedendo as eleições de outubro, um grande número de candidatos lança-se à campanha em busca de um lugar nas Assembleias Legislativas, no governo dos Estados, no Congresso Nacional ou na Presidência da República.
Cerca de 141 milhões de eleitores, 25 mil candidatos à 1.700 vagas nos poderes Legislativo e Executivo, uma situação que por mais críticas que receba e opiniões que se confrontem, “é”uma grande demonstração da nossa “Democracia”, um tanto esquecida em alguns períodos “tumultuados” da nossa história.
Políticos que, em meio a esse sistema de democracia representativa, uma vez eleitos, passam a ser importantes atores da nossa sociedade, gestores de nossos poderes, administradores dos bens e vontades públicas, pessoas que passam ou já passaram, a servir como referência quando, muitas vezes, tratamos do passado, como ao nos referir a diferentes contextos brasileiros, por meio de governantes da época, como D. Pedro II, Marechal Deodoro ou Getúlio Vargas.
Entre tantos nomes acumulados pela história ao longo do tempo, alguns se tornam mais conhecidos, nacional ou localmente, pois de alguma forma deixaram marcas que os permitem ser facilmente lembrados mesmo muitos anos depois do fim de sua atuação política/pública.
Em meio às rodas de conversa, entre personalidade que acabam sendo citadas em meio às narrativas, mesmo que pouco se refiram à área política e tratem mais diretamente da própria vida daquelas pessoas e de seus familiares e amigos, chama a atenção o nome de um político mafrense, que mesmo tendo exercido seu último cargo público há décadas, ainda se faz presente na memória de muitas pessoas.
Personagem de vários “causos”, que ressaltam uma personalidade marcante em diferentes passagens de sua atuação pública, Pedro Kuss (que também foi fazendeiro, ervateiro e madeireiro), impressiona até hoje por seu“currículo político” e pela capacidade de adaptação aos diferentes contextos políticos em que esteve inserido.
Lapeano, nascido no final do século 19,casado com D. Catarina Kuss (que empresta seu nome à maternidade de Mafra), Pedro foi vereador, prefeito (de mais de uma cidade) e deputado, cargos alcançados tanto por “nomeação” (quando há uma escolha política), em períodos revolucionários, quanto por eleição direta (na qual há o voto popular) na forma democrática que conhecemos.
Revolucionário, integrou o grupo, liderado pelo Coronel José Severiano Maia, que articulou os desdobramentos da “Revolução de 1930” (que retirou do poder o Presidente Washington Luís; impediu a posse do Presidente eleito Júlio Prestes; e levou Getúlio Vargas à Presidência da República) em nossa região; assim como participou da preparação mafrense para participação nos combates da “Revolução Constitucionalista de 1932”, como sub-comandante (Severiano Maia era o Comandante) do 5º Batalhão da Reserva da Força Pública de Santa Catarina, tropa de voluntários que ficou popularmente conhecida como “Batalhão Come-Vaca”.
Após as revoluções do início da década de 1930, o Capitão” Pedro Kuss (posto a ele concedido pelo governador de Santa Catarina, na ocasião da Revolução de 1932) assumiu, por nomeação, a Prefeitura do Município de Joaçaba (1933) e dois anos depois (1935), do mesmo modo, tornou-se prefeito de Mafra.
Chefia do executivo mafrense para a qual seria eleito em 1936, com um total de votos que destoa da nossa realidade eleitoral atual: Foram 880 votos, número atualmente pequeno para a disputa pela Prefeitura, mas que representava na época um percentual de 61 % dos votos. Prefeitura cujo prédio foi construído e inaugurado em 1937 (com inauguração em 08 de setembro) nesse mesmo governo de Pedro Kuss e, que ainda hoje é sede do Executivo (na porção mais antiga de suas instalações, que faz frente para a rua Victorino Bacellar),
Como em uma “reprise” de carreira política, Pedro assumiu por outras duas oportunidades a Prefeitura de Mafra: Mais uma vez “nomeado”, em 1946 e novamente “eleito” no ano seguinte.
E, outra vez em campanha, agora em 1950, conquistou uma cadeira em nosso Legislativo, cargo que voltaria a exercer também na década seguinte, após vencer novas eleições e, cumprir mandato de deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Estado (1955 a 1959).
Uma longa vida pública, de revoluções, nomeações, campanhas e eleições, de marcas e “histórias” vistas ou contadas até hoje (as quais cabe texto à parte), que contam parte da vida desse “mafrense” e carregam também, um pouco da nossa história como município.
com ele conviveram, soube que este “bom ser humano” além de muito útil à sociedade contemporânea e de conduta exemplar , serve como um bom exemplo a ser seguido.
Após muitos serviços prestados na vida pública, faleceu com aproximadamente oitenta e sete anos de idade, em condições simples e sem qualquer ostentação, e disto eu
sou testemunha, e este aspecto me impressiona até os dias de hoje.